Programa Zorra Total – Análise Crítica
A sociedade de massa, hoje transformada em sociedade de consumo, está cada vez sendo mais bombardeada por programas humorísticos, que não trazem sequer algum beneficio, usando de seus métodos de exploração visual, o capitalismo facilitado e exagerado pelos grandes meios de comunicação de massa.
À exemplo, temos programas que utilizam de assuntos importantes, cotidianos, religiosos, preconceitos contra negros, pobres e homossexuais, problemas sociais, financeiros. Isso tudo se resume em um programado intitulado “Zorra Total”.
Um programa em forma de consumismo televisivo. Visto com “grande importância, vital”, que aparenta felicidade, prazer, mas que logo se torna supérfluo. Isso porque a população enxerga grande necessidade de assistir tal programa, rir um pouco dos problemas sociais transformados em “humor” e no dia seguinte espalhar por todos os cantos os bordões que ficam na cabeça até mesmo de quem não assiste tal programa.
Zorra Total existe desde 1999, são 9 anos no ar, deixando a Rede Globo em primeiro lugar na faixa das 22:00 horas até as 23hrs. Um programa que não é eterno, não existe alguma programação que seja perene, tão pouco emissoras. Essas empresas acompanham o desenvolvimento da sociedade, e com os anos, surgem novos concorrentes, novas tecnologias e novos empreendimentos, que as fazem perder dinheiro, posteriormente podendo ocorrer uma inevitável falência.
Este, assim como qualquer outro programa televisivo induz o expectador ao consumismo, as compras de produtos com comerciais de cervejas, carros, motos, turismo, roupas, calçados, eletrodomésticos, eletroeletrônicos etc. Muitas vezes marcadas pelo fetichismo da mercadoria, com a fantasia do consumo, exemplo: - “Olha só Maria, esse anel que eu comprei hoje, é o mesmo que a atriz do bordão “To paganu” do Zorra Total, e você vai ficar de fora dessa?” ou “Nossa, lançaram o novo celular que capta imagens até da lua, vi isso no comercial de tv, vou comprar logo o meu para ficar antenado e atualizado”. Hoje esse celular pode custar mais de mil reais, porém mês que vem terá um que capta imagens de Marte, e este da Lua valerá muito menos e será considerado descartável.
Produtos que tinham um valor “x” e após ser apresentado no programa tem o seu “x” elevado, ou seja, é uma supervalorização de um produto que por apenas ser usado pela atriz, tem seu preço acima do que era antes, divulgado mesmo que inconscientemente pela população dá audiência ao programa. Assim funciona com as roupas, calçados, móveis, tintas de parede, maquiagens, e os já mencionados propagandas comerciais no intervalo.
Criando uma nova necessidade, desejos e impulsos emocionais, que impulsionam o consumo. E no dia seguinte certamente a dona de casa, a adolescente, o jovem, irá ao shopping center atrás do produto em que ficou encantado ao ver no comercial de tv, ou dentro do programa.
Deixando de lado a forma de consumo, existe a linguagem, abordagem e modo de ser feito o programa Zorra Total.
Visto por uma população que facilmente decora bordões e logo esquecem quadros antigos, extintos já pela falta de audiência, o povo até acaba esquecendo daquilo que já foi apresentado como quadro dentro deste programa.
Os problemas sociais são a temática do programa, abordando de forma explicita e colocando em “cheque” a inteligência da população com diversos assuntos, distribuídos em vários quadros, em média oito por sábado.
______
Os quadros – análise crítica
A população brasileira está acostumada a perder uma hora semanal frente à televisão assistindo da mais baixa qualidade televisiva em “humor”. O que deixa de ser cômico e passa a se tornar o extremo do ridículo.
O programa Zorra Total usa uma linguagem popular que agrega valores (errôneos) a uma sociedade que está vulnerável a receber informações bombardeadas pela grande manipuladora “Rede Globo”.
Os quadros deste programa, desde sua primeira exibição, sempre foi de acordo às idéias da família Marinho, visando o lucro exacerbado e a fácil aceitação de um programa que gasta milhões em cenários e cachês. Excluso fica a preocupação com a qualidade do programa e a mensagem satisfatória a ser passado a milhões de espectadores.
Muitos quadros já foram criados e saíram do ar, exibindo de forma extravagante os problemas sociais, pessoais, sexuais e sentimentais da população em forma de “comédia”.
Quadros como: Extinto “Márcia”, a mulher que trai o marido e inventa a cada semana uma desculpa esfarrapada para driblar a desconfiança do marido, usando o bordão: “Chupa essa manga”, “Vapu” e “Vuco-vuco”.
Tratava-se de um quadro que a princípio era de curta duração, com cenários mais baratos, passando a ser um dos principais destaques do programa, tendo dias que chegasse a uma exibição de oito minutos e com um cenário e figurinos caríssimos.
Neste quadro há presença de assuntos que remetam a população ao erro do adultério e a fácil manipulação do marido/esposa.
O quadro de Severino (aquele porteiro do bordão: “cara, crachá, cara, crachá”) incorporava em seu personagem algo que desmerecesse aos homossexuais, tarjando as pessoas de “isso é uma bichona”.
Hoje, o mesmo ator incorpora um lobisomem (gay) que dá em cima dos “bonitões” do próprio quadro. Isto pode ser uma “maquiagem” após protestos da organização GLSBT mandar à Rede Globo a insatisfação com o quadro de “Severino” ao tarjar as pessoas de “bichona”. Passando a imagem de Severino o preconceituoso, para o não-preconceituoso.
Os quadros deste programa, após a apresentação de um “ato cômico” imediatamente se introduz as risadas comerciais, “os risos plastificados”. Técnica usada por outros programas humorísticos para induzir o telespectador ao riso, muitas emissoras americanas utilizam deste método “eficaz”. Zorra Total sem esta técnica seria difícil arrancar risos de alguém.
O programa se preocupa em prender a atenção das pessoas, plagiando programas como, com extrema falta de criatividade, por exemplo, o extinto “Glub-glub” da TV Cultura (os peixinhos que conversavam e apresentavam desenhos infantis). O programa da Globo com pequenas esquetes durante o programa, mostra a falta de criatividade e diálogo com textos pobres.
O extinto quadro da “Gislaine”, a mulher que ensina a ser pobre”, induz o espectador a ter preconceito com pessoas de renda baixa, ao afirmar que “pobre é sujo”, que pobres são uma massa desenfreada de má educação, etiqueta, moral, respeito, dignidade, inteligência e honestidade.
Com o bordão: “Isso não te pertence mais”, ele remetia que o pobre deve se conformar com o que tem e viver de acordo com os seus problemas sociais e econômicos.
O problema maior é que a principal classe rentável a assistir este programa e dar “altas gargalhadas”, são os considerados classe-média e média baixa. São eles rindo de uma sátira feita deles mesmos. São cerca de 1,6 milhões de televisores sintonizados.
O que ajuda a manter o programa em alta, a grande audiência e o 1º lugar no Ibope, está nos bordões. Desse tipo tem o já mencionado “Isso não te pertence mais”, como exemplo eu posso muito bem ir ao meu local de trabalho, dizer esta palavra às pessoas que nunca ouviram, arrancar risos dos companheiros e estes vão para suas casas assistir ao programa por curiosidade e “propaganda maquiada”.
Patrik, o gay não assumido que da uma de machão e diz ter namorada, dá um coro em todos os “maus” no programa e é totalmente vaiado pelos companheiros. “Olha a faca” é seu bordão.
Com este quadro, fica mais uma vez provado que o Zorra Total é um programa preconceituoso, onde fica expresso a total desaprovação de algum homossexual pela sociedade “visão do programa”, aonde sempre mencionado algum gay em qualquer quadro que seja, sempre será o ser humano inferior ao heterossexual.
Várias esquetes apresentadas, representam a falta de respeito de políticos e decorrentes roubos, usando personagens que ridicularizam a política nacional, sempre se referindo ao político como um ser corrupto, dotado de planos para sempre se dar bem ou trair a esposa com alguma “loira gostosa”.
No quadro“Lady Kate” (ex-mulher de programa), fica explícito o preconceito, que se tornou rica, mas não perdeu o costume de ser burra.
Isso reforça a idéia equivocada de que todas as loiras são burras, não interessa o grau de escolaridade, nem o quanto de dinheiro ela possa ter na conta bancária, pois sempre será a mais burra entre as mulheres, e o que a faz ser diferente satisfatoriamente das demais é em ser gostosa. E essa personagem o faz muito bem, ela usa o bordão: “Ta bom, ta bom, ta bom, ta bom” e “To paganu mesmo”.
Zorra Total para atrair a boa audiência sempre exibe corpos sarados, homens bonitos e mulheres turbinadas. Toca a musica do momento (sucesso no RJ e em SP) como o funk, por exemplo, e coloca uma mulher com roupas mínimas para dançar e interagir com o elenco, rebolando e mostrando suas curvas corporais.
O que se pode notar sobre este programa é o fato de que sempre quando existir algo que está na cabeça da população “funk, por exemplo” será passado dentro de algum quadro.
Um fato interessante sobre a duração do programa é o modo como é feito e a edição. O primeiro bloco tem incríveis trinta minutos de apresentação, que são o suficiente para prender a atenção da população, ainda mais com comerciais de curta duração.
No inicio apresenta-se alguns quadros principais, no meio alguns mais francos e antes de ir aos comerciais se anuncia o que virá após “quadros bons”, que com certeza prenderá mais a atenção e dificilmente a pessoa mudará de canal.
No decorrer do programa, os blocos ficam menores, chegando o ultimo às vezes a ter duração de apenas dois minutos. Isso é pura tática de abordagem da população, maneira mais fácil e eficaz de prender a atenção, trazendo sempre uma pessoa famosa do momento, como a Viviane Araújo, Narcisa Tamborindeguy etc.
O programa já foi re-classificado e hoje não é aconselhável para menores de 14 anos. Um programa que antes era considerado familiar, aonde aos sábados à noite a família se reúne (pai, mãe e filhos) para lazer frente à televisão, hoje são obrigados a deixar entrar em suas casas uma linguagem pobre, preconceituosa e sexual.
Poderia existir uma readaptação nos textos do Zorra Total, mas não existe interesse de mudança sendo que a atração prende a atenção e dá um lucro muito grande para as organizações Globo. Poderiam fazer a utilização de humor rico, da graça feita antigamente, sem exploração sexual, social, político e religioso.
Outra loira, quadro este da mulher pelada atrás o cercado, onde o “Nerso da Capitinga” faz de tudo para que ela saia de trás nua e ele entre em “colapso de sexual”, usa-se uma linguagem que induz o espectador à pensar que todos os caipiras são burros, onde o Nerso sempre tem idéias absurdas de como tirar a loira de trás do cercado e reforçar a idéia que a loira é burra, que e o interesse nelas seria somente a “perfeição das curvas de seu corpo”.
A Drª. Lorca, aquela do bordão: “Isso pode, isso não pode”. Este quadro recebeu recentemente do conselho de nutricionistas uma carta de repúdio referente as dietas erradas que ela passa ao seus clientes. Induzindo ao erro, a quem precisa emagrecer dietas para engordar e ter uma saúde ruim e a quem está bem, fazer de tudo para ficar mal.
O erro, a burrice, os problemas sociais, a falta de educação, a falta de saúde, parece atrair a atenção da população que torce atrás do televisor para que algum personagem se de mal. O que mantém no ar este tipo de programa são os patrocinadores que vêem grande investimento, pois quanto maior a população assistindo, maior a propaganda, maior o retorno. Isso é uma espécie de circulo vicioso.
O que parece segurar a audiência é a fácil linguagem, fácil diálogo, sendo compreendido desde o morro do Rio de Janeiro as periferias de São Paulo. Talvez a falta de opção nas noites de sábado, ou por estar na boca do povo, tal programa continua fazendo sucesso. O prazer em ver a desgraça alheia, poder rir dos seus próprios problemas “camuflados” ou momento de distração, o brasileiro continua dando créditos ao Zorra Total.
Poderia existir uma pesquisa séria em que perguntasse a população qual o grau de satisfação com tal tipo de programa e pedir a opinião de modo geral como melhora-lo, e o que eles gostariam de ver em suas casas as noites de sábados.
Se a opinião partir da população, não vejo o porquê a audiência cair, pois os programas são feitos para a população, e de regra deveria ser feito o que o povo gostaria de ver em suas casas.
Com tudo isso, ressalto que existe o livre arbítrio para o espectador, o “poder” de escolher a programação que possa entrar na casa. Aos sábados, livres ficam aqueles que possuem tv à cabo, não tendo a necessidade de deixar entrar o Zorra Total em seus lares, mas a quem fica a limitação da tv aberta, fica a escolha entre deixar o televisor sintonizado neste programa ou simplesmente desligar o televisor e ler um bom livro.
A sociedade de massa, hoje transformada em sociedade de consumo, está cada vez sendo mais bombardeada por programas humorísticos, que não trazem sequer algum beneficio, usando de seus métodos de exploração visual, o capitalismo facilitado e exagerado pelos grandes meios de comunicação de massa.
À exemplo, temos programas que utilizam de assuntos importantes, cotidianos, religiosos, preconceitos contra negros, pobres e homossexuais, problemas sociais, financeiros. Isso tudo se resume em um programado intitulado “Zorra Total”.
Um programa em forma de consumismo televisivo. Visto com “grande importância, vital”, que aparenta felicidade, prazer, mas que logo se torna supérfluo. Isso porque a população enxerga grande necessidade de assistir tal programa, rir um pouco dos problemas sociais transformados em “humor” e no dia seguinte espalhar por todos os cantos os bordões que ficam na cabeça até mesmo de quem não assiste tal programa.
Zorra Total existe desde 1999, são 9 anos no ar, deixando a Rede Globo em primeiro lugar na faixa das 22:00 horas até as 23hrs. Um programa que não é eterno, não existe alguma programação que seja perene, tão pouco emissoras. Essas empresas acompanham o desenvolvimento da sociedade, e com os anos, surgem novos concorrentes, novas tecnologias e novos empreendimentos, que as fazem perder dinheiro, posteriormente podendo ocorrer uma inevitável falência.
Este, assim como qualquer outro programa televisivo induz o expectador ao consumismo, as compras de produtos com comerciais de cervejas, carros, motos, turismo, roupas, calçados, eletrodomésticos, eletroeletrônicos etc. Muitas vezes marcadas pelo fetichismo da mercadoria, com a fantasia do consumo, exemplo: - “Olha só Maria, esse anel que eu comprei hoje, é o mesmo que a atriz do bordão “To paganu” do Zorra Total, e você vai ficar de fora dessa?” ou “Nossa, lançaram o novo celular que capta imagens até da lua, vi isso no comercial de tv, vou comprar logo o meu para ficar antenado e atualizado”. Hoje esse celular pode custar mais de mil reais, porém mês que vem terá um que capta imagens de Marte, e este da Lua valerá muito menos e será considerado descartável.
Produtos que tinham um valor “x” e após ser apresentado no programa tem o seu “x” elevado, ou seja, é uma supervalorização de um produto que por apenas ser usado pela atriz, tem seu preço acima do que era antes, divulgado mesmo que inconscientemente pela população dá audiência ao programa. Assim funciona com as roupas, calçados, móveis, tintas de parede, maquiagens, e os já mencionados propagandas comerciais no intervalo.
Criando uma nova necessidade, desejos e impulsos emocionais, que impulsionam o consumo. E no dia seguinte certamente a dona de casa, a adolescente, o jovem, irá ao shopping center atrás do produto em que ficou encantado ao ver no comercial de tv, ou dentro do programa.
Deixando de lado a forma de consumo, existe a linguagem, abordagem e modo de ser feito o programa Zorra Total.
Visto por uma população que facilmente decora bordões e logo esquecem quadros antigos, extintos já pela falta de audiência, o povo até acaba esquecendo daquilo que já foi apresentado como quadro dentro deste programa.
Os problemas sociais são a temática do programa, abordando de forma explicita e colocando em “cheque” a inteligência da população com diversos assuntos, distribuídos em vários quadros, em média oito por sábado.
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Os quadros – análise crítica
A população brasileira está acostumada a perder uma hora semanal frente à televisão assistindo da mais baixa qualidade televisiva em “humor”. O que deixa de ser cômico e passa a se tornar o extremo do ridículo.
O programa Zorra Total usa uma linguagem popular que agrega valores (errôneos) a uma sociedade que está vulnerável a receber informações bombardeadas pela grande manipuladora “Rede Globo”.
Os quadros deste programa, desde sua primeira exibição, sempre foi de acordo às idéias da família Marinho, visando o lucro exacerbado e a fácil aceitação de um programa que gasta milhões em cenários e cachês. Excluso fica a preocupação com a qualidade do programa e a mensagem satisfatória a ser passado a milhões de espectadores.
Muitos quadros já foram criados e saíram do ar, exibindo de forma extravagante os problemas sociais, pessoais, sexuais e sentimentais da população em forma de “comédia”.
Quadros como: Extinto “Márcia”, a mulher que trai o marido e inventa a cada semana uma desculpa esfarrapada para driblar a desconfiança do marido, usando o bordão: “Chupa essa manga”, “Vapu” e “Vuco-vuco”.
Tratava-se de um quadro que a princípio era de curta duração, com cenários mais baratos, passando a ser um dos principais destaques do programa, tendo dias que chegasse a uma exibição de oito minutos e com um cenário e figurinos caríssimos.
Neste quadro há presença de assuntos que remetam a população ao erro do adultério e a fácil manipulação do marido/esposa.
O quadro de Severino (aquele porteiro do bordão: “cara, crachá, cara, crachá”) incorporava em seu personagem algo que desmerecesse aos homossexuais, tarjando as pessoas de “isso é uma bichona”.
Hoje, o mesmo ator incorpora um lobisomem (gay) que dá em cima dos “bonitões” do próprio quadro. Isto pode ser uma “maquiagem” após protestos da organização GLSBT mandar à Rede Globo a insatisfação com o quadro de “Severino” ao tarjar as pessoas de “bichona”. Passando a imagem de Severino o preconceituoso, para o não-preconceituoso.
Os quadros deste programa, após a apresentação de um “ato cômico” imediatamente se introduz as risadas comerciais, “os risos plastificados”. Técnica usada por outros programas humorísticos para induzir o telespectador ao riso, muitas emissoras americanas utilizam deste método “eficaz”. Zorra Total sem esta técnica seria difícil arrancar risos de alguém.
O programa se preocupa em prender a atenção das pessoas, plagiando programas como, com extrema falta de criatividade, por exemplo, o extinto “Glub-glub” da TV Cultura (os peixinhos que conversavam e apresentavam desenhos infantis). O programa da Globo com pequenas esquetes durante o programa, mostra a falta de criatividade e diálogo com textos pobres.
O extinto quadro da “Gislaine”, a mulher que ensina a ser pobre”, induz o espectador a ter preconceito com pessoas de renda baixa, ao afirmar que “pobre é sujo”, que pobres são uma massa desenfreada de má educação, etiqueta, moral, respeito, dignidade, inteligência e honestidade.
Com o bordão: “Isso não te pertence mais”, ele remetia que o pobre deve se conformar com o que tem e viver de acordo com os seus problemas sociais e econômicos.
O problema maior é que a principal classe rentável a assistir este programa e dar “altas gargalhadas”, são os considerados classe-média e média baixa. São eles rindo de uma sátira feita deles mesmos. São cerca de 1,6 milhões de televisores sintonizados.
O que ajuda a manter o programa em alta, a grande audiência e o 1º lugar no Ibope, está nos bordões. Desse tipo tem o já mencionado “Isso não te pertence mais”, como exemplo eu posso muito bem ir ao meu local de trabalho, dizer esta palavra às pessoas que nunca ouviram, arrancar risos dos companheiros e estes vão para suas casas assistir ao programa por curiosidade e “propaganda maquiada”.
Patrik, o gay não assumido que da uma de machão e diz ter namorada, dá um coro em todos os “maus” no programa e é totalmente vaiado pelos companheiros. “Olha a faca” é seu bordão.
Com este quadro, fica mais uma vez provado que o Zorra Total é um programa preconceituoso, onde fica expresso a total desaprovação de algum homossexual pela sociedade “visão do programa”, aonde sempre mencionado algum gay em qualquer quadro que seja, sempre será o ser humano inferior ao heterossexual.
Várias esquetes apresentadas, representam a falta de respeito de políticos e decorrentes roubos, usando personagens que ridicularizam a política nacional, sempre se referindo ao político como um ser corrupto, dotado de planos para sempre se dar bem ou trair a esposa com alguma “loira gostosa”.
No quadro“Lady Kate” (ex-mulher de programa), fica explícito o preconceito, que se tornou rica, mas não perdeu o costume de ser burra.
Isso reforça a idéia equivocada de que todas as loiras são burras, não interessa o grau de escolaridade, nem o quanto de dinheiro ela possa ter na conta bancária, pois sempre será a mais burra entre as mulheres, e o que a faz ser diferente satisfatoriamente das demais é em ser gostosa. E essa personagem o faz muito bem, ela usa o bordão: “Ta bom, ta bom, ta bom, ta bom” e “To paganu mesmo”.
Zorra Total para atrair a boa audiência sempre exibe corpos sarados, homens bonitos e mulheres turbinadas. Toca a musica do momento (sucesso no RJ e em SP) como o funk, por exemplo, e coloca uma mulher com roupas mínimas para dançar e interagir com o elenco, rebolando e mostrando suas curvas corporais.
O que se pode notar sobre este programa é o fato de que sempre quando existir algo que está na cabeça da população “funk, por exemplo” será passado dentro de algum quadro.
Um fato interessante sobre a duração do programa é o modo como é feito e a edição. O primeiro bloco tem incríveis trinta minutos de apresentação, que são o suficiente para prender a atenção da população, ainda mais com comerciais de curta duração.
No inicio apresenta-se alguns quadros principais, no meio alguns mais francos e antes de ir aos comerciais se anuncia o que virá após “quadros bons”, que com certeza prenderá mais a atenção e dificilmente a pessoa mudará de canal.
No decorrer do programa, os blocos ficam menores, chegando o ultimo às vezes a ter duração de apenas dois minutos. Isso é pura tática de abordagem da população, maneira mais fácil e eficaz de prender a atenção, trazendo sempre uma pessoa famosa do momento, como a Viviane Araújo, Narcisa Tamborindeguy etc.
O programa já foi re-classificado e hoje não é aconselhável para menores de 14 anos. Um programa que antes era considerado familiar, aonde aos sábados à noite a família se reúne (pai, mãe e filhos) para lazer frente à televisão, hoje são obrigados a deixar entrar em suas casas uma linguagem pobre, preconceituosa e sexual.
Poderia existir uma readaptação nos textos do Zorra Total, mas não existe interesse de mudança sendo que a atração prende a atenção e dá um lucro muito grande para as organizações Globo. Poderiam fazer a utilização de humor rico, da graça feita antigamente, sem exploração sexual, social, político e religioso.
Outra loira, quadro este da mulher pelada atrás o cercado, onde o “Nerso da Capitinga” faz de tudo para que ela saia de trás nua e ele entre em “colapso de sexual”, usa-se uma linguagem que induz o espectador à pensar que todos os caipiras são burros, onde o Nerso sempre tem idéias absurdas de como tirar a loira de trás do cercado e reforçar a idéia que a loira é burra, que e o interesse nelas seria somente a “perfeição das curvas de seu corpo”.
A Drª. Lorca, aquela do bordão: “Isso pode, isso não pode”. Este quadro recebeu recentemente do conselho de nutricionistas uma carta de repúdio referente as dietas erradas que ela passa ao seus clientes. Induzindo ao erro, a quem precisa emagrecer dietas para engordar e ter uma saúde ruim e a quem está bem, fazer de tudo para ficar mal.
O erro, a burrice, os problemas sociais, a falta de educação, a falta de saúde, parece atrair a atenção da população que torce atrás do televisor para que algum personagem se de mal. O que mantém no ar este tipo de programa são os patrocinadores que vêem grande investimento, pois quanto maior a população assistindo, maior a propaganda, maior o retorno. Isso é uma espécie de circulo vicioso.
O que parece segurar a audiência é a fácil linguagem, fácil diálogo, sendo compreendido desde o morro do Rio de Janeiro as periferias de São Paulo. Talvez a falta de opção nas noites de sábado, ou por estar na boca do povo, tal programa continua fazendo sucesso. O prazer em ver a desgraça alheia, poder rir dos seus próprios problemas “camuflados” ou momento de distração, o brasileiro continua dando créditos ao Zorra Total.
Poderia existir uma pesquisa séria em que perguntasse a população qual o grau de satisfação com tal tipo de programa e pedir a opinião de modo geral como melhora-lo, e o que eles gostariam de ver em suas casas as noites de sábados.
Se a opinião partir da população, não vejo o porquê a audiência cair, pois os programas são feitos para a população, e de regra deveria ser feito o que o povo gostaria de ver em suas casas.
Com tudo isso, ressalto que existe o livre arbítrio para o espectador, o “poder” de escolher a programação que possa entrar na casa. Aos sábados, livres ficam aqueles que possuem tv à cabo, não tendo a necessidade de deixar entrar o Zorra Total em seus lares, mas a quem fica a limitação da tv aberta, fica a escolha entre deixar o televisor sintonizado neste programa ou simplesmente desligar o televisor e ler um bom livro.
TEXTO: Ricardo Andrade

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